terça-feira, 18 de junho de 2013

Artigo de opinião 3

Além da Manifestação: uma opinião sobre os protestos em São Paulo 

Briga de rua não é igual à exibição de capoeira
Flávio Ferrari

A polícia que chegou atirando sem razão até em quem estava fotografando o evento. Claro que, como acontece nas concorrências públicas, as autoridades podem alegar "falhas no processo seletivo". Manifestantes não deveriam quebrar, policiais não deveriam bater, mas briga de rua não é igual a exibição de capoeira. 
O "povo" está insatisfeito e tem milhares de razões para isso. A lua de mel acabou e, como numa briga de casais num relacionamento desgastado, qualquer tubo de pasta de dente destampado é motivo. Já ouviram falar na "teoria das janelas quebradas" (de Wilson e Kelling)? Atos de vandalismo (que incluem colocar fogo em pessoas com menos de R$ 100) e criminalidade estão aumentando também porque a impunidade dos políticos está escandalosamente exposta, e o nosso "governo" parece uma construção abandonada com janelas quebradas, convidando-nos a atirar pedras. 
Vandalismo inspira vandalismo. Violência inspira violência. Se o governo deseja "ordem" e "manifestações pacíficas", deve começar punindo com elegância as dezenas de vândalos do erário público cujos atos notórios inspiram os baderneiros e criminosos. 
Os jovens, que vinham sendo criticados por não participarem do sistema, resolveram participar. Por enquanto, são apenas alguns milhares, defendendo a primeira causa que lhes foi oferecida. Mas não se enganem. Os "líderes" do movimento podem até pensar que estão "manobrando" esses jovens. Na realidade, são eles que estão se aproveitando dos "lideres" para iniciar um movimento de protesto contra o sistema que não deverá parar por aí.

Bater na população não irá conter a insatisfação. Irá, isto sim, legitimar e estimular os protestos. A decisão política de conter a manifestação com violência terá um alto preço para o governo.

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