Além
da Manifestação: uma opinião sobre os protestos em São Paulo
Briga de rua não é igual à exibição de capoeira
Flávio Ferrari
A polícia
que chegou atirando sem razão até em quem estava fotografando o evento. Claro
que, como acontece nas concorrências públicas, as autoridades podem alegar
"falhas no processo seletivo". Manifestantes não deveriam quebrar,
policiais não deveriam bater, mas briga de rua não é igual a exibição de
capoeira.
O
"povo" está insatisfeito e tem milhares de razões para isso. A lua de
mel acabou e, como numa briga de casais num relacionamento desgastado, qualquer
tubo de pasta de dente destampado é motivo. Já ouviram falar na "teoria
das janelas quebradas" (de Wilson e Kelling)? Atos de vandalismo (que
incluem colocar fogo em pessoas com menos de R$ 100) e criminalidade estão
aumentando também porque a impunidade dos políticos está escandalosamente
exposta, e o nosso "governo" parece uma construção abandonada com
janelas quebradas, convidando-nos a atirar pedras.
Vandalismo
inspira vandalismo. Violência inspira violência. Se o governo deseja
"ordem" e "manifestações pacíficas", deve começar punindo
com elegância as dezenas de vândalos do erário público cujos atos notórios
inspiram os baderneiros e criminosos.
Os
jovens, que vinham sendo criticados por não participarem do sistema, resolveram
participar. Por enquanto, são apenas alguns milhares, defendendo a primeira
causa que lhes foi oferecida. Mas não se enganem. Os "líderes" do
movimento podem até pensar que estão "manobrando" esses jovens. Na
realidade, são eles que estão se aproveitando dos "lideres" para
iniciar um movimento de protesto contra o sistema que não deverá parar por aí.
Bater na
população não irá conter a insatisfação. Irá, isto sim, legitimar e estimular
os protestos. A decisão política de conter a manifestação com violência terá um
alto preço para o governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu recado, sugestão ou crítica. Boas idéias são sempre bem vindas!