15/06/2013
às 17:23
Protesto
pacífico no DF é reprimido com bombas de gás, spray de pimenta e balas de
borracha. Cadê José Eduardo Cardozo? Ou repressão promovida por petista é poesia
de resistência?
Um grupo de 500 pessoas
decidiu organizar um protesto — ATENÇÃO, PACÍFICO!!! — em frente ao estádio
Mané Garrincha, em Brasília, que abriga o jogo de abertura da Copa das
Confederações. A Polícia do Distrito Federal, governado pelo petista Agnelo
Queiroz, desceu o sarrafo: cassetete, bombas de gás lacrimogênio, balas de
borracha, spray de pimenta e 25 pessoas presas. Regra de três simples: se 500
rendem 25 presos, quantos teriam sido se houvesse 5 mil, como em São Paulo?
Resposta: 250! Ou por outra: a PM do Distrito Federal prendeu mais gente,
proporcionalmente, do que a de São Paulo no protesto de quinta, quando 230
foram detidos. Diferença fundamental: o protesto de Brasília era realmente
pacífico. Os manifestantes não portavam lança-chamas, paus, pedras, nada disso.
Só palavra. Foram duramente reprimidos. Um dele foi atropelado por uma
motocicleta da polícia e preso em seguida. José Eduardo Cardozo, cadê você?
Estão começando a
pipocar país afora manifestações contra o uso de dinheiro público na Copa do Mundo. O mote é mais ou menos este: “Da
Copa eu abro mão, quero dinheiro para saúde e educação”. Essa relação não é assim tão
direta, mas é um jeito de ver o mundo. Seria esse protesto uma variante de um
mesmo e difuso mal-estar, que incluiria em seu repertório o protesto contra a
elevação das tarifas de ônibus? Tenho dificuldades de lidar com esferas de
sensações a conduzir a história. Parece-me que são protestos com origens
distintas e, fica evidente, com formas igualmente distintas de expressão. A
Avenida Paulista abrigou manifestação com conteúdo idêntico: pacífica e serena.
Ninguém portava armas ou buscava confronto com a polícia.
Muito bem! Movimentos
organizados, que usam com destreza as redes sociais, se encarregaram de
transformar os episódios de São Paulo num caso de lesa democracia, como se não
coubesse à polícia reprimir quem vai para as ruas para o tudo ou nada. A
repercussão cresceu exponencialmente quando a militância petista entrou na
parada, como se o protesto, originalmente, não tivesse como alvo, principalmente,
a política de transportes do prefeito Fernando Haddad, que é do partido.
Os episódios do
Distrito Federal — e também há pessoas feridas com balas de borracha
—certamente terão repercussão bem menor. O petismo se encarregará de tentar
abafá-los nas redes sociais, embora, reitero, as ações sejam incomparáveis. Até
agora, os que protestam contra o uso de recursos públicos na Copa do Mundo não
apelaram à linguagem da violência. E espero que não o façam.
PS – Vamos ver que tratamento as TVs darão à
questão.
Por Reinaldo Azevedo
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