sábado, 17 de maio de 2014

Carta de Leitor - Atividade 3 D E - 2014

Leia o texto e escreva uma carta de leitor conforme modelo  fornecido pela professora.  Depois mande para o e-mail  da professora.

RIO - Os protestos contra a realização da Copa do Mundo no Brasil ganharam repercussão internacional. A um mês dos jogos, a revista “Der Spiegel”, a mais importante da Alemanha e os site do jornal “El País”, da Espanha, e da inglesa “The Economist”, trazem reportagens sobre a insatisfação dos brasileiros com a realização dos jogos. A mais contundente é a reportagem da “Der Spiegel”, que traz em sua capa uma imagem da bola oficial do torneio caindo em chamas sobre o Rio de Janeiro. Em três reportagens, que somam dez páginas, o semanário apresenta um retrato dos atrasos em obras, da insatisfação dos brasileiros com os altos custos do evento e dos prováveis embates nas ruas das cidades-sede. Segundo o texto, assinado pelo jornalista alemão Jens Glüsing, justamente no país do futebol, a Copa do Mundo pode virar um fiasco por conta de “protestos, greves e tiroteios em vez de festa".
O jornalista faz um retrato sombrio da situação do Brasil às vésperas da Copa. E diz que, enquanto os alemães estão comprando camisas da sua seleção, “nas favelas do Rio, policiais e traficantes se enfrentam de maneira sangrenta. Em São Paulo, gangues queimam ônibus quase todas as noites”, afirma. A “Der Spiegel” indaga ainda se o país viverá uma onda de violência caso a seleção brasileira não ganhe: "Os jogos vão terminar em pancadaria nas ruas? Políticos e funcionários da Fifa serão perseguidos por uma multidão enfurecida?"
A revista ressalta os valores gastos com a construção de novos estádios, "cerca de 2,7 bilhões de euros (...), talvez até mais, ninguém sabe ao certo", e não poupa sequer o Maracanã. Apontado como um símbolo contra o racismo e a ditadura, o estádio é descrito agora como um shopping center com grama no meio. “Os franceses tinham a Torre Eiffel. Os americanos, a Estátua da Liberdade. Os brasileiros, o Maracanã."
“The Economist” diz que Brasil é país do improviso
O site da “The Economist” diz que a Copa mostra que o improviso ainda é uma marca do Brasil e que, a menos de um mês dos jogos, os organizadores ainda lutam para ter tudo pronto a tempo. Ele cita que, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por exemplo, um novo terminal foi aberto, mas somente oito companhias aéreas vão utilizá-lo, e não as 25 previstas. O site também diz que o secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, descreveu que lidar com autoridades brasileiras é infernal.
O espanhol “El País” também publica no seu site uma reportagem sobre a insatisfação dos brasileiros com a Copa. Sem falar das manifestações que acontecem hoje no país, o jornal cita uma pesquisa, publicada na semana passada pela Unicarioca, que mostra que somente 55% da população do Rio de Janeiro apoiará a selação brasileira durante os jogos. O texto lembra que na última Copa, realizada na África do Sul, as ruas do Rio estavam enfeitadas com bandeiras e cartazes de apoio à seleção brasileira, fenômeno que não se repete agora. No entorno do Maracanã, diz a publicação, há poucos postes pintados de verde e amarelo. Em Copacabana e Ipanema, não se nota nenhuma decoração especial.
— Há quatro anos havia mais ambiente, disse ao jornal espanhol Pedro Trengrouse, professor da Fundação Getulio Vargas. — O governo não se preocupou com a inclusão do povo na Copa. Primeiro, vendeu como obras do Mundial infraestruturas de transporte que nada têm a ver com a Copa, gerando muitas expectativas. Em segundo lugar, muito poucos têm entradas para as partidas, não participam da festa. O governo prometeu demais e entregou de menos. A consequência é um clima de desânimo e frustração.
Os protestos contra a realização da Copa do Mundo, que acontecem desde a manhã desta quinta-feira em cidades-sede dos jogos no país, também ganharam destaque. O site do jornal “The New York Times” publicou uma reportagem, com o título “Onda de protestos contra o governo começa no Brasil”, dizendo que pneus foram furados e avenidas bloqueadas em manifestações que tentam chamar a atenção para os problemas de habitação e educação, às vésperas da competição. O jornal americano afirma que centenas de pessoas, incomodadas com os bilhões de reais gastos para sediar a competição, protestaram em São Paulo, perto do Itaquerão, um dos estádios construídos para o Mundial. Um dos entrevistados diz que vários moradores foram forçados a sair de suas casas por conta do aumento do valor dos aluguéis na vizinhança do Itaquerão.
Segundo a reportagem, as manifestações são um teste para o governo brasileiro, que tem que mostrar sua habilidade em garantir a segurança durante a Copa do Mundo. O jornal também afirma que os líderes brasileiros esperavam que sediar a Copa e, depois as Olimpíadas, em 2016, seria uma forma de chamar atenção positiva ao Brasil e mostrar avanços em relação à década passada, com a melhoria da economia.
O jornal argentino “El Clarín” também destacou as manifestações em seis cidades brasileiras durante a manhã. Segundo a reportagem, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza tiveram ruas bloqueadas por ativistas que reivindicavam “Um dia de luta contra a Copa”. O site do jornal destaca que os manifestantes têm demandas diversas, mas que todos são contrários aos gastos públicos com o Mundial. De acordo com o jornal, a Copa era vista pelo governo Dilma Rousseff como uma forma de desenvolver e ampliar uma infraestrutura urbana que requeria intervenções urgentes. Até agora, porém, ela não teria trazido os benefícios econômicos esperados.